Lucas deixa o São Paulo no auge

Garoto superou a pressão de ter vindo do Corinthians e conseguiu gravar seu nome na história do Tricolor como um dos ídolos do clube
Lucas ajoelha no gramado para comemorar: garoto cumpriu a promessa de sair do São Paulo com um título / Yasuyoshi Chiba/AFPLucas ajoelha no gramado para comemorar: Uma história que tinha tudo para começar com grande pressão terminou - ou pelo menos sua primeira parte - em total idolatria. Lucas, que iniciou a carreira como Marcelinho por conta do carioca ídolo do Corinthians, conseguiu conquistar a torcida aos poucos e, principalmente nesta reta final de sua trajetória, jogou muito e exerceu até papel de um dos líderes do elenco, o que foi simbolizado ao ganhar a faixa de capitão de Rogério Ceni e erguer a taça de campeão da Sul-Americana.
 Lucas subiu para os profissionais do Tricolor com a grande pressão de superar uma certa história que tinha com o arquirrival Corinthians. Além do apelido de Marcelinho por ter treinado na escolinha do xará carioca, passou dos 10 aos 13 anos na base jogando na base alvinegra. Só que ele e seu pai optaram por trocar de clube.
 Em 2010, foi promovido aos profissionais e fez sua estreia quando estava prestes a fazer 18 anos, em um empate na Arena da Baixada com o Atlético-PR, sob o comando interino de Milton Cruz. As boas atuações logo no início e a postura respeitosa e carinhosa do garoto com o clube fizeram com que a torcida o respeitasse muito.
 No ano seguinte, também se destacou, mas, com um time ainda desorganizado, não conseguiu ganhar o título que tanto sonhava. A completa consagração veio em 2012. Mais
maduro, Lucas assumiu a condição de estrela e a responsabilidade de ser uma das estrelas do elenco. “Ele é 40% do nosso time”, dizia Rogério Ceni.
 O destaque no Tricolor, aliado às seguidas convocações para a Seleção, logo despertaram o interesse de gigantes europeus no meia-atacante. Juvenal Juvêncio chegou a rejeitar quase R$ 100 milhões do Manchester United, mas não resistiu aos R$ 115 milhões do PSG no meio do ano – Lucas só iria em janeiro para a França.
 Mas, ao invés de fazer com que o garoto tirasse o pé, a transferência parece ter motivado ainda mais. Sem esconder de ninguém que faria de tudo para sair do clube com ao menos um título na bagagem, Lucas começou a desequilibrar ainda mais e, com muita raça, não fugia de uma dividida. A idolatria foi coroada com o título da Sul-Americana e uma despedida de gala, marcando até gol na final – que nem a briga no intervalo foi capaz de estragar.
 Com muita personalidade, Lucas mostrou mais maturidade até que o experiente companheiro Luis Fabiano, expulso na Argentina. Nos dois jogos, o garoto foi o principal alvo dos jogadores do Tigre. A “braçada” na cara que levou de Orban comprovou a frieza do meia-atacante de apenas 20 anos. Sem afinar, ainda mostrou para o argentino o sangue que saiu de sua boca no intervalo, o que motivou o início da confusão.
 Ovacionado por um Morumbi lotado e com várias faixas de agradecimento ao garoto, Lucas pegou o microfone e, bastante emocionado – assim como seus choros viraram rotina nas últimas entrevistas -, ofereceu o título para a torcida e foi comemorar no escudo do São Paulo, reafirmando sua vontade de voltar ao clube no futuro. A história no clube ainda deverá ter uma segunda parte, mas a certeza por enquanto é a de que o “experiente” Lucas está maduro o suficiente para jogar ao lado de Ibrahimovic e Cia., além de ser uma das principais estrelas para a Copa do Mundo de 2014.