Artilheiro em Dubai, Grafite lamenta 'mão fechada' do sheik e revela atraso nos salários

Lucas Tieppo
Do UOL, em São Paulo Atacante Grafite comemora título da Copa Etisalat pelo Al-Ahli, em Dubai

O futebol no chamado “mundo árabe” é conhecido pelos polpudos salários, forte calor e muitos presentes dos sheiks que comandam o futebol na região para aqueles jogadores que se destacam. O atacante Grafite, atualmente no Al-Ahli, de Dubai, no Emirados Árabes Unidos, cumpriu seu papel na primeira temporada no clube, mas ainda não recebeu nenhum mimo do seu endinheirado chefe.
Há um ano na equipe, depois de passar quatro temporadas no Wolfsburg, da Alemanha, Grafite balançou as redes 29 vezes em 34 jogos, marca digna de ganhar os tradicionais relógios ou até carrões, certo? O atacante lamenta que não.
“Estava até conversando esses dias, um me falou que ganhou relógio do sheik, o outro não sei o que, mas eu até agora não ganhei nada. Acho que pararam de dar assim que eu cheguei”, brincou o atacante, de bem com a nova vida, longe da pressão por títulos e da torcida, em entrevista ao UOL Esporte.
Campeão da Copa Etisalat na semana passada, Grafite foi o artilheiro da competição – equivalente à Copa do Brasil – com 13 gols. Na liga nacional, o Al Ahli não fez grande campanha e ficou longe da briga pelo título, ainda assim o atacante fez 15 tentos, além de um na Copa do Golfo.
“Vamos ver se agora que ganhamos a Copa ele não faz uma graça. Aqui até salário atrasou”, brincou Grafite.
De fato o brasileiro, que se destacou no Brasil com a camisa do São Paulo, encarou uma realidade diferente nos primeiros meses em Dubai. Segundo ele, o clube atrasou dois meses de salário, algo que ele não imaginava ao se transferir para o país dos milionários.
“Preocupou um pouco sim, mas sempre falavam que ia sair, que o sheik estava com alguns problemas, mas agora está tudo tranquilo”, disse.
Apesar de se dizer ambientado e feliz em Dubai, mesmo com o calor de mais de 40 graus, Grafite não descarta voltar ao futebol europeu e revela conversas com times da França e da Alemanha. “O Hertha Berlim fez proposta no começo do ano e disse que voltaria no meio do ano, agora estou conversando com o Lille (terminou o Campeonato Francês na terceira colocação). Depende muito do que for oferecido”, disse.
Os planos de Grafite, ao menos no futuro próximo, são seguir no mundo árabe – ele tem mais um ano de contrato com o Al-Ahli e planeja renovar. “A liga não é tão competitiva como a Bundesliga, mas você acaba acostumando. Antes jogava para 40, 50 mil pessoas, hoje eu jogo e tem 200 pessoas no estádio. No começo é estranho, mas acostuma. Priorizei minha família. Hoje minhas filhas estão felizes, vão para a escola normal”, afirmou Grafite.
O atacante, que foi convocado por Dunga para a Copa do Mundo de 2010, ainda não pensa na aposentadoria, mas afirma que gostaria de atuar no futebol brasileiro antes de encerrar a carreira. “Tenho muito carinho pelo São Paulo, Goiás, quando vou para Recife dizem que tenho que voltar para o Santinha, mas não vou fechar as portas para os outros times”, revelou.
“Na ordem de preferência, está primeiro seguir aqui, ou ir para o Catar, segundo voltar para a Europa e só depois o Brasil”, completou Grafite, que espera jogar até 2016.