Ex-Boca compara Fiel à torcida xeneize

Lateral Jorginho diz que corintianos são a versão brasileira dos boquenses e revela 'segredo' tático do time argentino na Bombonera

Jorginho passou por diversos clubes do Brasil, entre eles o Cruzeiro Alexandre O lateral-esquerdo Jorginho conhece bem a torcida do Boca Juniors. Bem de perto. O jogador, de 32 anos, tem o time argentino com destaque em seu currículo, tanto defendendo o clube xeneize como jogando contra. Por isso garante que, no Brasil, a torcida que mais se aproxima dos boquenses é a fiel corintiana. “A torcida do Boca lembra mais a do Corinthians. É a mais vibrante”, diz Jorginho em entrevista ao programa "Esporte em Debate", da Rádio Bandeirantes.
Revelado no Palmeiras, o lateral deixou o Brasil cedo para jogar no exterior. Pelo Vasco - onde virou Jorginho Paulista -, levantou o Brasileiro de 2000 e jogou a Libertadores do ano seguinte. O adversário nas quartas de final foi o Boca Juniors. Depois de perder na ida, em São Januário, por 1 a 0, o Gigante da Colina viajou para encarar a Bombonera. Foi então que a carreira ganhou de vez o rumo de Buenos Aires.
“Senti muita dificuldade. O campo é cumprido e estreito, e que parece menor ainda porque a arquibancada é muito próxima. O Boca sabe jogar com essas dimensões”, lembra Jorginho que, atuando ao lado do alambrado, enfrentou a “marcação” da torcida.
“A pressão é imensa. Gritam e cantam o jogo todo, mesmo com o time perdendo. Tem cantos para cada parte do jogo”, diz Jorginho que, depois das partidas pela Libertadores, chamou atenção do técnico Carlos Bianchi, e foi parar justamente no Boca.
Foi então que Jorginho entendeu como a Bombonera é parte do esquema tático do Boca, com dois jogadores abertos na frente, nas costas dos laterais. “O Bianchi posicionava o time assim, mesmo contra os times argentinos, porque sabia jogar com essas dimensões”, conta.

Panelaço

Entre junho de 2001 e maio de 2002, viveu de perto a crise política e econômica no país, com os panelaços e desvalorização do peso. A moeda argentina deixou de ser dolarizada, e os salários ficaram inviáveis para os clubes. Fez parte do elenco que perdeu o Mundial Interclubes para o Bayern de Munique em 2001, mas sequer viajou ao Japão. Na reserva, Jorginho não foi relacionado por Bianchi para a partida. E os salários já estavam atrasados.
Insatisfeito, voltou ao Brasil para jogar no Cruzeiro. Passou ainda por São Paulo, Botafogo e rodou o mundo. Até na China e na Croácia jogou.
Após atuar nos maiores clubes do país e em grandes do exterior, Jorginho defende o Flamengo-PI, que sequer está na Série D. Curiosamente, fez parte da seleção piauiense que enfrentou o Flamengo “original” do Rio de Janeiro em um amistoso no fim de maio. Mais perto do fim da carreira, não esquece seus feitos.
“No Palmeiras fui campeão com o Felipão (em 1998, da Copa do Brasil). Fui campeão da Copa da Holanda e da Supercopa da Holanda (pelo PSV), no Atlético-PR fui campeão paranaense. No Vasco, fui campeão da Mercosul e da João Havelange (Brasileiro de 2000). Não passei só pelos clubes, mas fui campeão também”, diz, orgulhoso.