Embaixada brasileira teme lentidão da justiça

Após mote de torcedor: O que deveria acontecer com o Corinthians? OpineEduardo Saboia, ministro conselheiro da embaixada brasileira em La Paz, informa que julgamento de corintianos na Bolívia pode demorarEduardo Saboia, ministro conselheiro da embaixada brasileira em La Paz, concedeu entrevista à Rádio Bandeirantes e disse que teme a lentidão da justiça boliviana no julgamento dos 12 corintianos detidos em Oruro, suspeitos de matar um jovem de 14 anos com um sinalizador durante partida contra o San José, na quarta.
Saboia informou que mandou um agente consular e um advogado da embaixada para prestar auxílio aos torcedores. “Nosso papel é que sejam tratados dignamente. Sabemos que os brasileiros estão em uma cela especial de luta contra o crime. Eles prestarão depoimento nesta quinta perante a promotora pública.”
Os corintianos já passaram por uma perícia para saber se havia resquícios de pólvora nas mãos e agora aguardarão um parecer da promotora para saber se serão liberados ou permanecerão detidos na Bolívia.
O representante da embaixada brasileira evitou fazer prognósticos de quando os corintianos poderão voltar ao Brasil e alertou que a justiça boliviana é lenta.
“Temos um acordo que prevê o cumprimento da pena no Brasil. Mas isso é só depois de uma sentença promulgada e julgada. Mas aqui na Bolívia a justiça demora muito. Temos casos de detentos que já estão em prisão preventiva além do prazo previsto na lei. E isso nos preocupa. Espero que isso não aconteça”, informou Saboia.

Entenda o caso

Um triste incidente manchou a história do futebol na noite desta quarta-feira. Durante a estreia do Corinthians na Libertadores, contra o San José, na Bolívia, o torcedor local Kevin Beltran Espada, de 14 anos, morreu depois de ser atingido no olho por um sinalizador. O ocorrido pode resultar na perda de pontos ou até na exclusão do Timão no torneio continental.
Isso porque, de acordo com a polícia boliviana, o artefato foi lançado pela torcida corintiana que foi ao Estádio Jesús Bermudez, na cidade de Oruro. O jovem era nascido em Cochabamba, cidade onde o Timão se concentrou para sua estreia. Ele viajou para assistir à partida e foi atingido no olho pelo artefato. O torcedor foi levado ao Hospital Obrero, em Oruro, mas não resistiu aos ferimentos.
O ocorrido, obviamente, gerou revolta da torcida do San José e total comoção do Corinthians. Logo que ficaram sabendo do incidente, os torcedores começaram a chamar os corintianos de “assassinos” e os juraram de morte. Os atletas que não haviam sido relacionados e alguns membros da comissão técnica tiveram que sair do camarote onde assistiam à partida para não serem agredidos.
Enquanto isso, o técnico Tite e o gerente de futebol Edu Gáspar choravam pelo ocorrido. O treinador chegou a dizer que trocaria o título mundial que conquistou no ano passado pela vida do garoto. Já o dirigente lembrou que poderia ter acontecido com qualquer um e não conseguiu segurar a emoção ao mencionar que seu filho também vai a estádios de futebol, além de oferecer assistência para a família da vítima.
Em seu site oficial, o clube divulgou uma note de pesar. Apesar da morte do garoto, no entanto, o diretor de futebol Roberto de Andrade não acredita muito em uma punição ao Timão.
A polícia deteve 12 torcedores do Corinthians, que permanecem na Bolívia até a apuração do caso. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o presidente do San José, Freddy Fernandez, afirmou que os policiais têm certeza de que o sinalizador foi disparado pela torcida brasileira