Torcedora agredida no PR diz que policiais só pararam após intervenção de advogada
Do UOL, em São Paulo
Protagonista do vídeo que repercutiu e chocou a internet, no qual sofre agressões de policiais a caminho do estádio, a torcedora Paula Lima, de 18 anos, diz que os atos foram além do que as imagens mostram. Segundo ela, depois que a cena parou de ser filmada, ela seguiu sendo abordada de forma violenta por mais alguns minutos, e a ação só parou quando uma advogada que via tudo de seu apartamento conseguiu intervir.
“A gente ficou uns dois, três minutos depois daquilo e eles só pararam quando desceu uma advogada do prédio em frente. Ela disse que estava vendo tudo, apresentou uma carteirinha, mencionou a corregedoria e disse: ‘estou aqui para defender a integridade da garota’”, disse Paula Lima, em entrevista ao UOL Esporte.
Depois da intervenção, a advogada levou Paula para a casa dela, a acalmou e acompanhou a garota em uma visita à delegacia, onde a torcedora do Coritiba prestou queixa.
"Eu estava na sacada do meu apartamento, que é bem ali em frente, tirando fotos para mandar a um amigo. Estava tudo tranquilo, mas aí eu vi três policiais separarem ela do movimento. Eles começaram a mexer na bolsa dela, colocaram ela contra a parede de forma bem violenta, deram empurrões, e comecei a ver que a agressão estava cada vez pior. Aí peguei minha carteirinha e desci", explicou Aline Ribas.
O caso, no entanto, só ganhou repercussão na última segunda-feira, quando o vídeo gravado por uma outra torcedora surgiu na internet. Nele, Paula é levada para o que parece ser a entrada de uma loja fechada. Dois policiais tentam revista-la, discutem e chegam a bater a cabeça da garota contra a porta de alumínio.
Os policiais estariam procurando justamente o celular de Paula, que também fazia filmagens da ação dos oficiais, que tentavam coibir a manifestação da torcida do Coritiba, que fazia justamente uma “Caminhada pela Paz”. A estudante conseguiu salvar o celular colocando ele dentro da calça.
“Quando o vídeo apareceu, tinha muita gente dizendo que aparecia eu colocando alguma coisa dentro da calça, que seria droga. Não era, era o celular, que ficou ligado”, disse Paula.
Em um primeiro momento, ela cogitou legendar o áudio e disponibilizá-lo na rede. Mais tarde, mudou de ideia e decidiu que a investigação da polícia que já está em andamento é que vai ver a íntegra da gravação. Ela ressalta, no entanto, uma frase que mais a incomodou na abordagem dos policiais.
“Eles falaram: ‘Se a gente perder de você, vai ganhar de quem?’. Essa atitude me deixou muito chateada”, completou Paula, que pretende processar apenas os policias envolvidos e se diz exausta após ter passado os últimos dias em delegacias e concedendo entrevistas.