Medo de goleada no Gre-Nal e boataria de traição marcam demissão de FernandãoFernandão deixa o cargo de técnico do Inter após 122 dias e com episódios polêmicos

    
Do UOL, em Porto Alegre   

Fernandão deixou o cargo de técnico do Internacional da pior maneira possível. Sem título, com choro e envolto em um clima pesado. A decisão de demitir o ex-atacante levou em conta o Gre-Nal da última rodada do Brasileirão, os resultados ruins e, claro, a relação no vestiário. Um cenário que também teve uma enxurrada de boatos sobre traição e indisciplina.
Fernandão e o vice de futebol Luciano Davi se reuniram na noite de segunda, no CT do Parque Gigante e decidiram pela saída. O dirigente contextualizou o momento vermelho, o técnico novato admitiu mal estar no cargo. Um misto de frustração pelos resultados ruins com os problemas de comando.
O grande receio da diretoria era com o Gre-Nal de 2 de dezembro. O último jogo oficial do estádio Olímpico. O confronto que tem ares de final, capaz de amenizar a temporada cheia de erros.
Um domingo que, ao mesmo tempo, poderá deixar o Inter mais leve e macular a festa rival. Foi ao imaginar a repetição de atuações apáticas no clássico que Fernandão caiu.
"Faltam dois jogos e óbvio que não será contra a Portuguesa que se fará diferença. Ele [Luciano Davi] foi convincente, mas não serei eu que vou falar [dos motivos pela demissão]", afirmou Fernandão ao ser questionado se temia por um boicote coletivo dos atletas diante do Grêmio.
Da reunião até a entrevista coletiva, mais de 12 horas. Pela manhã, quando a demissão se tornou pública, uma avalanche de episódios conturbados da era Fernandão foram listados. Da fatídica entrevista da ‘zona de conforto’ ao ato de botar o cargo à disposição. Do bate-boca de Kleber com Muriel ao fato de Bolívar não admitir ficar no banco.
Boatos e mais boatos. Que ganharam corpo pelas palavras do próprio personagem central. Na entrevista de despedida do clube, Fernandão mencionou uma grande decepção. Mas preferiu não revelar o outro integrante da cena.
“Fui amigo de quem não merecia ser amigo. Eu aprendi com isso, separar profissionalismo de amizade. Não me arrependo de ter falado. Me arrependo do depois, agi como amigo quando não deveria”, disse. "Aprendi ontem [segunda-feira] que no futebol não se pode falar a verdade. Não se pode falar tudo", completou.A diretoria, que bateu cabeça na hora de justificar a demissão de Fernandão, também deu brecha para encorpar os rumores de traição interna.
“Não considero um vestiário de cobras. Considero um vestiário que tu trabalhas o dia inteiro com relações humanas. É algo complicado, temos que saber o que fazer. O Inter está enxergando isso”, disse o vice de futebol Luciano Davi.
Sem Fernandão, o Internacional será comandado por Osmar Loss contra Portuguesa e Grêmio. Técnico do time sub-23, ele volta a ocupar o cargo de interino. Em 2011, após a demissão de Paulo Roberto Falcão, Loss dirigiu a equipe principal em oito partidas. Conseguindo 41,6% de aproveitamento. Índice inferior ao do próprio Fernandão, demitido com 44,8% dos pontos conquistados em 26 jogos.

OS TREINADORES DO INTERNACIONAL DESDE 2010 E SEUS NÚMEROS

TÉCNICO NÚMEROS E APROVEITAMENTO PERÍODO DE TRABALHO
Jorge Fossati 60,6%: 18 vitórias, 6 empates e 9 derrotas Janeiro a maio de 2010
Celso Roth 58,1%: 25 vitórias, 14 empates e 12 derrotas Maio de 2010 até abril de 2011
Falcão 49,1%: 8 vitórias, 4 empates e 7 derrotas Abril a julho de 2011
Dorival Júnior 61,9% - 33 vitórias, 18 empates e 12 derrotas Agosto de 2011 a julho de 2012
Fernandão 44,8%: 9 vitórias, 8 empates e 9 derrotas Julho de 2012 até novembro de 2012