Sheik: 'Tenho bola para jogar na Seleção'

Atacante de 34 anos ainda espera ser lembrado por Mano e fala sobre expectativa de conquistar o Mundial de Clubes pelo Corinthians
Sheik cogita encerrar a carreira no Corinthians / Mauro Horita/Agif/Folhapress
Sheik cogita encerrar a carreira no Corinthians 
Emerson Sheik é aquele tipo de jogador que todo treinador gostaria de contar na equipe. Decisivo como poucos, o atacante se tornou um especialista em levantar taças. Foi campeão brasileiro em 2009, 2010 e 2011 atuando por três equipes diferentes – Flamengo, Fluminense e Corinthians, respectivamente. Além disso, foi o autor dos gols que deram ao Timão o título mais desejado da história: a Taça Libertadores da América, neste ano, diante do Boca Juniors, da Argentina.
 Como conquistar o quarto título do Brasileirão é missão quase impossível para o Corinthians – o clube é o 8º na classificação, com 36 pontos –, Sheik quer alçar voos maiores: o Mundial de Clubes da Fifa, disputado em  dezembro, no Japão.
 Em entrevista exclusiva ao Metro, o atacante, que está suspenso pelo STJD e, por isso, não enfrenta o Sport no domingo, no Pacaembu, falou sobre polêmicas, seleção brasileira, seu futuro no Corinthians e a fama de sortudo. 

Qual o segredo para ser campeão de quase todas as competições que disputa? Você se considera pé-quente?
O Tite [técnico corintiano] não gosta muito que a gente fale de sorte, ele acredita muito em merecimento. Eu também. Tudo o que eu faço no meu trabalho, faço com muita determinação. Não faço por fazer. Quero ficar na história de todos os clubes que eu passar. O São Paulo foi o único que eu não consegui, mas em todos os outros fui campeão. Futebol não é brincadeira, levo muito a sério. Talvez seja esse o segredo. Quando entro em campo, o bicho tem que pegar.

E o bicho vai pegar no Mundial de Clubes? Como está a cabeça do grupo para a competição?
Não estamos pensando muito nisso agora. A meta agora é o Campeonato Brasileiro. Está cedo para pensar [no Mundial]. É lógico que é o grande projeto do clube neste ano, mas estamos focados no Brasileirão.

Mas vocês não pensam nem um pouco no Mundial?
É natural que se pense, mas nem tanto. Não temos nem tempo para ficar ansiosos, nervosos. O pensamento é o Brasileiro e o treinador deixa isso claro.

Muitas pessoas dizem que você é um jogador que deveria ser convocado para a seleção brasileira. O que você pensa sobre isso? Acredita que tem condições?
Só o fato de o torcedor, o pessoal que curte, entende o futebol, achar que sou capaz de estar lá, fico extremamente feliz. Agora, se tem espaço, se não tem, eu já não sei. Não sei como funciona a cabeça do treinador [Mano Menezes]. Todo treinador tem suas preferências, não tem muito o que falar. É lógico que seria bacana. 

Mas você acha que tem capacidade de estar na Seleção?
Sempre acompanhei a Seleção, mesmo quando estava fora, mas, com todo respeito a todos os atletas, até pelo o que fiz nos últimos três anos, eu acho que sim, que seria capaz de estar lá, de representar bem. É lógico que eu me pergunto ‘porque não?’. Tem o fator idade [Sheik tem 34 anos] mas isso nunca pesou para mim. No Corinthians, no Fluminense, no Flamengo, isso nunca pesou, sou elogiado por todo mundo pela entrega, pela determinação. É lógico que me sinto capaz. Mas tem todo o respeito, toda a minha torcida por quem está lá. Tenho bola. O Mano é um dos melhores técnicos que a gente tem. A Seleção está muito bem representada.

Você já atuou pela seleção do Qatar. Isso não seria problema para atuar pelo Brasil?
Embora eu tenha me naturalizado e defendido a seleção do Qatar antes da Copa do Mundo [de 2010], eu já havia jogado pela Seleção sub-17 do Brasil. Então, a Fifa não permitiu que eu jogasse pelo Qatar porque já havia jogado pelo Brasil.

Seu contrato no Corinthians vai até o fim de 2013. Pensa em seguir no clube?
A identificação com o Corinthians, com o torcedor foi muito grande. É lógico que, pelo bom desempenho dentro de campo, é natural que surja o interesse de outras equipes. Mas estou feliz. Vamos ver depois do Mundial para ver os novos planos do Corinthians comigo. As portas estão abertas para a renovação, mas eu prefiro ter cautela. Tenho um grande sonho que é o Mundial. Vamos esperar até janeiro. 

Você encerraria a carreira no Corinthians?
Sinceramente? Me adaptei tão bem no Corinthians e, com 100% de certeza, encerraria a carreira no Corinthians, sem sombra de dúvidas. Só não sei quando.

Considera que a suspensão de seis jogos imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva foi pesada demais [Emerson xingou o árbitro Péricles Bassols na partida contra o Atlético-MG, dia 2 de setembro. Ele já cumpriu três]?
Tenho a grandeza de reconhecer que eu errei. Mas se olhar as imagens de outro atleta que teve a mesma atitude que eu, ele pegou dois jogos. O Corinthians está tentando diminuir. Provavelmente vai, foi injusto. Mas isso é bom. Mesmo um atleta experiente comete erros e foi bom para aprender. Talvez tenha sido punido muito severamente e, com certeza, não vai acontecer novamente.

E quando você provocou os palmeirenses pelo Twitter [após a vitória por 2 a 0, dia 16 de setembro], ficou preocupado com a repercussão?
O futebol está perdendo um pouco da alegria. Daqui a alguns anos, o chapéu, o rolinho, tudo isso vai ser falta de respeito. O bacana do futebol é isso, essa brincadeira do torcedor. Eu lembro do Edmundo, do Viola, do Edílson, do Paulo Nunes, caras que faziam do futebol um parque de diversão. Foi uma brincadeira, jamais desrespeitaria o Palmeiras. O Palmeiras é muito grande e eu, muito pequeno. Acho válida a brincadeira, a tiração de sarro mesmo.