Jogador mais velho do mundo atua aos 90 anos enfaixado, preocupa filhos e diz não ter medo
Tércio Mariano, jogador mais velho do mundo, com 90 anos atuando em liga amadora
Idade não é problema para Tércio Mariano, 90 anos, praticar o seu futebol. E tampouco medo de lesões e sequelas de problemas anteriores. Com essa coragem e até peitando o medo de alguns filhos, entrou para o Guiness Book, livro dos recordes, como o jogador mais velho do mundo.Tércio atua pelo Goiandira Esporte Clube, no interior de Goiás, time que disputa uma liga amadora. É uma equipe montada por sua família. Ele é lateral direito e diz que gosta do futebol bem jogado. Prefere servir do que marcar gols.
“Gosto de cruzar para o centroavante. Jogo sempre cruzando a bola. Gosto que os outros jogadores façam os gols”, resume Tércio sobre seu jeito de jogar. “Quase não tive treinador a vida toda. Sempre joguei à vontade.”
O veterano praticante do futebol revela ainda que não gosta de ser substituído e ter que deixar os jogos. “Procuro jogar o tempo todo, não gosto de sair e fico até o fim. E fico com vontade de continuar”, falou. Mas adiantou que não desrespeita os companheiros por ter de sair. “Eu aceito sair, mas só quero ficar até o final do jogo. Sei que outro vai entrar com muita vontade”.
Para atuar, Tércio praticamente “desafia” os filhos, que não querem que ele jogue. Dos quatro filhos, três desaprovam sua aventura nos gramados nesta idade. Eles têm medo, principalmente pelo fato de ele já ter operado o pescoço e ter um deslocamento no ombro depois de uma queda no banheiro. Também já fez cirurgia de hérnia de disco. Mas minimiza tudo isso.
“Já operei duas vezes, mas não tenho medo. Se vejo que pode ter uma jogada brusca, não entro. Não posso cabecear também. Jogar comigo é só com a posse de bola”, falou.
Ênio Mariano é o filho que mora com Tércio e que apoia que o pai participe dos jogos. Diz contra-argumentar com os irmãos com o discurso de que as pessoas têm que fazer o que gostam na vida, independentemente da idade.
Sobre as operações anteriores do pai, diz que não há risco e que ele coloca uma proteção, que faz com que fique parecendo “uma múmia”. As faixas são colocadas no ombro, braço e peito, por baixo da camisa.
“Toda vez que ele joga tem que enfaixar ele que nem uma múmia por causa de um deslocamento no ombro, ele joga com braço amarrado. A dificuldade é essa. Mas graças a Deus ainda não teve acidente", falou Ênio.
Ênio ressalta que o estilo guerreiro e de superação do pai o fazem surpreender a todos e atuar. “Ele já passou por cirurgia no pescoço e depois uma de hérnia de disco, mas ocorreu tudo bem, não atrapalha a jogar. E quando teve o acidente no banheiro, se recuperou rapidamente e surpreendeu os médicos”.
Tércio diz que faz o que gosta e que atuar nesta idade lhe permite realizar um de seus sonhos. “Queria muito jogar com meus netos. E todo jogo vou no campo com eles. Jogar ao lado deles, esse é meu sonho”.