Jorge Rabello e vice jurídico do Vasco se contradizem sobre expulsões
Chefe de arbitragem da Ferj garante que os cinco atletas citados não foram expulsos de fato e não precisam cumprir automática. Advogado diz o oposto
A confusão protagonizada por jogadores e dirigentes do Vasco no fim da derrota para o Flamengo, no último sábado, no Engenhão, ganhou novos capítulos nesta segunda-feira. O presidente da Comissão de Arbitragem da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), Jorge Rabello, e o vice jurídico do Vasco, Aníbal Rouxinol, têm intepretações totalmente distintas acerca dos cinco jogadores do Vasco que foram citados na súmula da partida pelo árbitro Wagner dos Santos Rosa. São eles Rodolfo, Fagner, Fellipe Bastos, Diego Souza e Eduardo Costa.
Jorge Rabello garante que eles não terão que cumprir suspensão automática contra o Nova Iguaçu, domingo, em Moça Bonita, por não terem sido expulsos, de fato, ainda no campo de jogo. De acordo com Rabello, o juiz agiu corretamente ao relatar que "não foi possível a exibição de cartão vermelho na conduta disciplinar dos referidos atletas citados (...) tendo em vista a situação desfavorável dessa aplicação e expulsão de fato de todos, naquele momento, o que poderia gerar, na minha avaliação, um tumulto generalizado com consequências maiores".
- Um jogador pode ser expulso antes, durante e depois de uma partida em duas situações, o árbitro mostrando o cartão vermelho ou o avisando que foi expulso. Mas o árbitro narra de forma perfeita que foi agredido por dois atletas do Vasco e ofendido por três atletas do Vasco, e que não pôde mostrar o cartão vermelho naquele momento ou avisá-los da expulsão, porque era humanamente impossível. Ele não pode expulsar ninguém do vestiário dele, e seria mentiroso se dissesse que tinha expulsado os jogadores, porque as imagens mostram que isso não ocorreu. Portanto, não haverá suspensão automática, porque não houve expulsão. Ele foi corretíssimo ao dizer a verdade - disse Rabello, em entrevista à "Rádio Tupi".
Do lado do Vasco, entretanto, o vice jurídico Anibal Rouxinol tem uma interpretação completamente diferente e diz que os cinco jogadores citados cumprirão, sim, a suspensão automática. De qualquer maneira, Diego Souza e Fágner já não poderiam enfrentar o Nova Iguaçu porque levaram o terceiro cartão amarelo contra o Fla.
- O Jorge Rabello diz que o jogador cumpre a suspensão automática se o árbitro mostrar o cartão. Mas eu nunca vi caso idêntico. O cartão vermelho serve apenas para dar publicidade ao fato, para que todos saibam. Nada além disso. Mesmo se o cartão não for dado mas constar na súmula, é preciso cumprir a suspensão automática. O departamento jurídico do Vasco é contra a escalação desses jogadores, essa foi a minha posição passada ao departamento de futebol do clube. Para que não haja qualquer dúvida, eles vão cumprir a suspensão no domingo. Isso somente não vai acontecer se a Federação de Futebol do Rio de Janeiro me disser que é permitido e o faça de maneira oficial - disse Rouxinol, que vai à Ferj nesta terça-feira para tentar solucionar pessoalmente a questão.
Independentemente de toda a discórdia, os jogadores citados na súmula serão indiciados pela Procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva e depois julgados pelos fatos relatados por Wagner dos Santos Rosa. Segundo o procurador do TJD-RJ André Luiz Valentim, o julgamento deve ser realizado até a quinta-feira da próxima semana, dia 19.
Letra V ao lado dos nomes dos cinco jogadores na súmula
Na súmula preenchida por Wagner dos Santos Rosa, o campo destinado ao relato de expulsões aparece apenas com um "vide relatório anexo", onde estão as observações sobre o tumulto generalizado ao fim do jogo. No entanto, na parte onde consta a escalação do Vasco, percebe-se a letra V (de vermelho, supostamente) ao lado dos nomes dos cinco atletas citados pelo árbitro.