Itaquerão terá banheiro aclimatado, campo subterrâneo e teto igual ao de Wembley

Do UOL

Maquete da arena Corinthians, que usará energia solar, eólica e a gás
Maquete da arena Corinthians, que usará energia solar, eólica e a gás

O arquiteto que projetou o Itaquerão é um otimista quanto à superação de todos os obstáculos que ainda atrapalham o fluxo geral dos trabalhos e a captação de R$ 820 milhões para a conclusão da obra, que vai servir para abrir a Copa do Mundo de 2014.
Anibal Coutinho não esconde seu orgulho ao falar de cada detalhes do estádio e se mostra otimista quanto aos problemas. "Tudo está indo muito bem e estamos dentro do cronograma programado”, anuncia.
Um dos detalhes que chamam atenção é o ar condicionado nos 70 mil metros quadrados de área construída, incluindo os banheiros. Mais que isso: após a Copa de 2014, os jogadores farão aquecimento em um campo de grama sintética (1/3 do tamanho oficial) e os ocupantes de 500 assentos VIP poderão assistir ao trabalho físico, descendo por um elevador até o subsolo.
A arena, que terá uma cobertura leve a 52 metros de altura em relação ao gramado (como em Wembley, em Londres), consumirá muita energia. Mas o criador da obra diz ter tomado todos os cuidados ambientais.
“O estádio é sustentável. A arena vai captar energia solar por membrana fotovoltaica de dois milímetros”, explica Coutinho.
Essas placas serão instaladas na cobertura pelos lados leste e oeste, pelas laterais do gramado.
Para suportar a alta demanda energética, o prédio será equipado também com estrutura para uso de energia a gás e eólica (ventos). Aliás, os gasodutos da Petrobras passam pelo terreno e deverão ser desviados nos próximos meses.
O Itaquerão, segundo Coutinho, terá outros marcos de modernidade: a iluminação contratada será de 4 mil lux, o dobro daquilo que se viu na Copa do Mundo da África do Sul. “Teremos luz diurna mesmo em jogos realizados à noite”, anima-se o arquiteto.
Mas o impacto maior poderá ser notado mesmo à distância: o pé direito da obra empinará a construção com imponência jamais vista na Zona Leste de São Paulo.
“Teremos a mesma altura do estádio de Wembley, em Londres, grandioso”, explica, entre sorrisos, o arquiteto carioca que pilota o escritório Coutinho Diegues Cordeiro

Itaquerão x Maracanã
“A arena Corinthians terá o dobro da altura do Maracanã”, calcula. Outra diferença entre o que está sendo construído em Itaquera e a obra do Maracanã é a curvatura das arquibancadas. No Rio de Janeiro, há uma curva que distancia os torcedores um pouco mais do gramado. “Em Itaquera os torcedores ficarão em  posição mais vertical”, explica o arquiteto.


Cobertura e gramado do Itaquerão
Sobre os custos da construção da arena luxuosa e margem de lucro da construtora, Coutinho usa um raciocínio bem simples:
“A Odebrecht fez um contrato de gestão e construção a preço fechado, com margem de lucro também estabelecida. Tudo está no contrato. Claro que o corte de custos faz parte do processo de ganho, desde que não comprometa a qualidade do projeto, claro”.
Na opinião do arquiteto, os ajustes feitos na escolha de materiais para a estrutura da cobertura, por exemplo, fazem parte desse esforço da construtora. “O projeto não sofre perda de qualidade com ajustes financeiros. Isso faz parte da eficiência de qualquer gestor de obra moderna”, conclui Coutinho.
A estrutura da cobertura foi calculada pela Odebrecht com a consultoria da contratada alemã Solbeck, responsável pelos testes em túnel de vento, realizados na Europa.
Coberturas de estádios internacionais que tem o melhor padrão Fifa pode custar até 20% do orçamento total.
“Em Itaquera esse preço deve ficar bem abaixo disso”, defendeu-se o arquiteto. “A escolha de materiais mais leves e mais baratos pode reduzir os custos naturalmente; é uma cobertura simples, com se fosse um telhado feito com estrutura de  madeira, tesoura de sustentação, etc.”
A cobertura da nova arena terá isolamento térmico na parte superior, junto à membrana transparente. Os ajustes feitos na Alemanha impedirão que essa estrutura leve alce voo com as rajadas de vento de Itaquera.
Na opinião otimista do arquiteto, o gramado ocupa um lugar de destaque na lista de componentes do novo estádio. “A arena terá gramado semelhante aos dos melhores estádios do mundo”, empolga-se Coutinho.

E o dinheiro?
Dizendo-se impedido de fornecer maiores detalhes, o arquiteto antecipou que o Corinthians concederá uma série de entrevistas para falar de cada item importante da nova arena, começando pelo vão livre da cobertura e terminando com o ar condicionado sustentável dos banheiros.
O financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será intermediado pelo Banco do Brasil, ainda nãio foi aprovado. Além dos R$ 400  milhões desse empréstimo, o Fundo de Investimento Imobiliário (controlado pela Odebrecht) espera negociar no mercado de capitais os títulos de isenção (CIDs) emitidos pela Prefeitura de São Paulo, no valor de R$ 420 milhões.
Enquanto aguarda o fechamento do contrato de empréstimo, a Odebrecht vem usando financiamentos-ponte no valor total de R$ 250 milhões. O último, de R$ 150 milhões, foi assinado com o Banco do Brasil.
O BB se nega a fornecer detalhes desses contratos (intermediação junto ao BNDES e empréstimo-ponte) ao Ministério Público Federal em São Paulo. O procurador José Pimenta deu prazo até quarta-feira (11) para receber as informações. Se não receber, entrará com uma ação civil contra o BB.
Outras duas ações judiciais são aguardadas para a próxima semana, a pedido do vereador Aurélio Miguel (PR-SP). Ele questiona a cessão do terreno da arena e a concessão de incentivos fiscais por parte da Prefeitura (CIDs), para ajudar uma obra privada.