Podres poderes no futebol brasileiro


Juca Kfouri
  

O mal que hoje assola o São Paulo de Juvenal Juvêncio, em seu terceiro mandato, é o mesmo que já assolou o Flamengo de Márcio Braga, o Corinthians de Alberto Duailib, o Palmeiras de Mustafá Contursi, o Vasco de Eurico Miranda, o Cruzeiro dos Perrelas, todos os clubes cujos presidentes quiseram se eternizar e acabaram por destruir suas biografias como vencedores.
Márcio Braga fez uma revolução no Flamengo e acabou como uma caricatura de si mesmo.
Alberto Dualib foi o presidente que mais títulos colecionou no Corinthians e acabou sob impeachment e condenado pela Justiça.
Palmeirenses não sentem saudades de Mustafá Contursi que presidia o Palmeiras campeão da Libertadores porque foi com ele que o time caiu pela primeira vez para a segunda divisão.
E assim por diante com vascaínos e cruzeirenses que, depois de ganharem tudo com Eurico Miranda e os irmãos Perrelas, hoje ainda pagam pelas heranças malditas que eles deixaram.
Nestes seis clubes, seis dos mais populares do país, um traço comum e igualmente devastador: a ânsia pela perpetuação no poder, reeleições intermináveis, falta de rotatividade no poder, mesma miséria que tem apodrecido a CBF e as federações estaduais pelo país afora.
Um retrato dramático que explica mais que mil palavras o atraso do futebol brasileiro.
Algo que os são-paulinos imaginavam que jamais aconteceria pelos lados do Morumbi e que agora tem o efeito de uma bomba atômica sobre a cabeça deles.