Clubes do PA cobram valor por venda de Ganso

Paysandu e Tuna Luso se apoiam no mecanismo de solidariedade para conseguir parte do dinheiro da transferência do meia para o São Paulo
Ganso na época de Paysandu / Divulgação/Paysandu.com.brGanso na época de PaysanduPaulo Henrique Ganso não tem dado muitas alegrias à torcida do São Paulo, mas pode, em breve, fazer a festa do Paysandu e da Tuna Luso. Os clubes do Pará, por onde o meia passou antes de estourar no Santos, têm, segundo a Lei Pelé, direito a um percentual da venda do jogador do Peixe para o São Paulo. Mas, assim como os tricolores ainda não assistiram ao melhor do futebol de Ganso, os paraenses também não viram a cor do dinheiro. Para resolver o impasse, os clubes tentam um acordo. Mas se as partes não se acertarem até a próxima sexta-feira, a saída será entrar com uma ação na CBF.
O Portal da Band apurou que o Paysandu afirma ter direito a receber em torno de R$ 600 mil, enquanto que a Tuna ficaria com R$ 110 mil dos R$ 23,9 milhões da venda de Ganso. O Santos, no entanto, ofereceu um acordo para reduzir os valores pela metade e, assim, evitar o processo na CBF.
Pela chamado “mecanismo de solidariedade”, incluído na Lei Pelé em 2011, o clube ganha 1% do valor da transferência por cada ano que o jogador tenha passado por lá dos 14 aos 17 anos. Depois, dos 18 aos 19, o percentual cai para 0,5% por ano, totalizando 5%, teto para o mecanismo.
O presidente do Paysandu, o ex-jogador Vandick – herói do título da Copa dos Campeões do Papão em 2002 – planeja uma viagem a São Paulo nesta quinta para tentar resolver o impasse. Na época da venda de Ganso, em setembro do ano passado, o então presidente do clube, Luiz Omar Pinheiro, chegou a
afirmar que o Paysandu não teria direito, mas depois iniciou o processo para conseguir o dinheiro.
O diretor do departamento jurídico do Paysandu, Alberto Maia, não confirma a proposta de redução pela metade do valor, mas garante que o clube não aceita receber somente 50% do total. "Estamos tentando um acordo amigável, mas queremos receber integralmente o que temos direito", disse.
Já o presidente da Tuna Luso, Fabiano Bastos, com pressa e de cofres vazios, aceitou a redução do valor. Mas o dinheiro ainda não apareceu na conta corrente do clube.
“Está bem atrasado. Eu entendo que pagamento deveria ser ter sido automático, logo depois de o Ganso ter ido para o São Paulo. Mas o Santos fez a proposta de pagar metade e aceitamos”, diz Bastos, resignado.
A ideia era evitar um longa e custosa batalha no Comitê de Resolução de Litígios da CBF. O setor é o responsável por receber as reclamações dos clubes que não receberam os valores das negociações de jogadores formados em suas categorias de base.
“Sou advogado e sei que isso pode demorar anos. Como precisamos do dinheiro agora, achei melhor receber logo. Mas ainda não foi feito o depósito”, diz Bastos.

Investimento na base
Procurada pela reportagem do Portal da Band, a diretoria do Santos afirmou, via assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre o caso.
Enquanto isso, em Belém, Bastos faz planos de como usar o dinheiro: Bastos pretende investir nas categorias de base da Tuna.
“Já revelamos Manoel Maria, Giovanni, Ganso”, enumera. “E temos mais cinco jogadores titulares no Campeonato Paraense atualmente”, gaba-se.